O comércio exterior da China voltou a crescer de forma expressiva no primeiro semestre de 2025, sinalizando uma retomada sólida da economia global e reforçando o protagonismo do país nas cadeias logísticas e comerciais internacionais.
De acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas da China, o comércio exterior do país cresceu 4,9% nos primeiros 11 meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. As exportações aumentaram 6,7%, enquanto as importações cresceram 2,4% nesse período. Este avanço não apenas reflete a recuperação da demanda global, mas também um esforço estratégico do governo chinês na ampliação das rotas de carga e no fortalecimento da infraestrutura logística.
O que explica o crescimento do comércio exterior da China?
O desempenho positivo do comércio exterior chinês se deve a uma combinação de fatores:
- Melhora na demanda global: Com a redução das pressões inflacionárias em grandes economias, empresas estão retomando investimentos e aumentando o volume de compras internacionais.
- Fortalecimento da infraestrutura logística: A China investiu pesadamente na expansão de portos, aeroportos e linhas ferroviárias, além de criar novas rotas comerciais, principalmente em regiões da Ásia, África e América Latina.
- Acordos comerciais recentes: A intensificação de parcerias bilaterais e multilaterais, especialmente no âmbito do RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente), favoreceu a redução de barreiras tarifárias.
- Digitalização dos processos logísticos: O uso de tecnologias como blockchain, inteligência artificial e automação nos portos chineses acelerou o fluxo de mercadorias e reduziu o lead time das operações.
Expansão de rotas de carga: o movimento estratégico da China
O artigo da Exame destaca que, além do crescimento no volume de comércio, a China ampliou significativamente suas rotas de carga no primeiro semestre de 2025. Isso inclui:
- Abertura de novas linhas marítimas: Especialmente com países da África, Oriente Médio e América Latina, criando alternativas para rotas tradicionais que passam por gargalos como o Canal de Suez.
- Maior integração ferroviária com a Europa: Através da Nova Rota da Seda, com trens de carga que cruzam a Ásia Central até chegar a países europeus, reduzindo prazos em relação ao transporte marítimo.
- Desenvolvimento de hubs logísticos regionais: A China fortaleceu portos como Shenzhen, Guangzhou, Xangai e Ningbo, tornando-os centros de redistribuição internacional de mercadorias.
Impacto na logística global
A expansão das rotas de carga pela China traz efeitos diretos sobre a logística mundial:
- Redução de custos logísticos: Com mais opções de rotas, as empresas podem negociar melhores condições de frete, especialmente nas rotas transcontinentais.
- Maior resiliência nas cadeias de suprimento: A diversificação das rotas ajuda a reduzir riscos de interrupções causadas por problemas geopolíticos ou desastres naturais.
- Pressão sobre operadores logísticos: Empresas de logística precisam se adaptar a um cenário mais dinâmico, com múltiplos hubs e exigência por maior eficiência operacional.
- Gestão de frete mais complexa: Com mais possibilidades de rotas, cresce a necessidade de ferramentas inteligentes para gestão de frete, rastreabilidade, planejamento de transporte e controle de custos.
Oportunidades para o Brasil e América Latina
O fortalecimento das rotas de carga da China impacta diretamente o Brasil e outros países da América Latina. O artigo aponta que:
- Houve aumento das exportações de commodities agrícolas, minerais e alimentos do Brasil para a China.
- O crescimento de linhas diretas marítimas reduz lead time e custos para exportadores brasileiros.
- A tendência é de maior participação das empresas brasileiras nas cadeias globais, desde que invistam em tecnologia, gestão de frete eficiente e integração logística.
Desafios para empresas brasileiras
Apesar das oportunidades, há desafios importantes para empresas que atuam no comércio exterior:
- Oscilação de custos de frete: O mercado ainda sofre com volatilidade nos preços dos contêineres e espaço nos navios, embora a pressão tenha reduzido em comparação com o período pós pandemia.
- Necessidade de digitalização: A concorrência global exige que empresas invistam em plataformas que ofereçam cotação de fretes, rastreabilidade e visibilidade completa das operações.
- Ajustes nas cadeias de suprimento: É necessário planejar estoques e prazos levando em conta a diversidade de rotas e modais disponíveis, além dos riscos associados.
O crescimento do comércio exterior da China no primeiro semestre de 2025 reforça uma tendência de globalização logística mais robusta, diversificada e resiliente. Para empresas brasileiras e de toda a América Latina, isso representa não apenas desafios, mas também grandes oportunidades.
A chave para se beneficiar desse cenário está na gestão eficiente do frete, na adoção de tecnologia logística e na capacidade de se adaptar às novas dinâmicas do comércio internacional.
Empresas que investirem em transformação digital e eficiência logística estarão melhor posicionadas para competir e crescer em um mercado cada vez mais interconectado.