O setor mineral brasileiro chegou a US$ 20,1 bilhões em exportações no primeiro semestre de 2025. Embora o volume embarcado tenha aumentado cerca de 3,7 % em toneladas, houve queda de 6,5 % no faturamento em comparação ao mesmo período do ano anterior. Minério de ferro respondeu por 63 % do volume total exportado, seguido por minerais críticos como cobre, vanádio, ouro semi-manufaturado e nióbio.
A China continua sendo o principal destino, absorvendo mais de dois terços do volume, enquanto os Estados Unidos se mantêm como um parceiro relevante para itens específicos como pedras ornamentais, rochas, vanádio e caulim. Com o anúncio de novas tarifas americanas, que entrarão em vigor a partir de agosto, parte considerável desse volume mineral exportado pelo Brasil está sob risco.
Produtos como pedras naturais e rochas ornamentais, caulim e vanádio estão entre aqueles que poderão sofrer sobretaxas. Minerais como ferro, nióbio e ouro semi-manufaturado foram apontados como fora do escopo direto dessas tarifas por enquanto. Essa tensão comercial estimula o setor a buscar estratégias de mitigação, diálogo diplomático e revisão de rotas logísticas.
Desafios que emergem com as tarifas dos EUA
As tarifas americanas representam uma ameaça direta à competitividade para exportadores de minerais brasileiros que dependem desse mercado para parte de suas vendas. O aumento repentino de custos para exportar determinados produtos pode levar a margens mais estreitas ou inviabilizar negócios que já estavam ajustados a níveis de custo e preço pré-tarifa.
Além disso, há preocupação com o efeito cascata: custos adicionais podem surgir não apenas diretamente, mas também em insumos importados que alimentarão a cadeia produtiva mineral. Outro ponto crítico é a necessidade de diversificação de mercado. Se depender demais de um ou dois parceiros como os EUA ou a China, qualquer mudança abrupta de política comercial externa pode provocar impactos significativos. Logística e transporte se tornam elementos estratégicos para realocar exportações rapidamente e manter competitividade.
Oportunidades em tempos de incerteza
Apesar dos riscos, o cenário abre espaço para oportunidades se o setor souber se antecipar. Há potencial para agregar valor internamente, com maior processamento dos minerais críticos no Brasil, reduzindo dependência de processamento externo. Isso exige investimento em infraestrutura, tecnologia e capacidade de exportar produtos com maior qualificação.
Outra oportunidade está no fortalecimento das relações diplomáticas e comerciais. O setor mineral articula com o governo negociações com retorno às tarifas ou busca de isenções específicas. Também há espaço para investir em mineração de minerais estratégicos, demandados por indústrias de alta tecnologia e transição energética, como lítio, vanádio e terras raras.
Implicações logísticas e estratégicas
Logística e cadeia de suprimentos são peças centrais nesse novo contexto. Mudanças nos fluxos de exportação exigem rotas alternativas, adaptação de portos, eficiência no transporte interno e visibilidade em tempo real para evitar rupturas. O custo de transporte, seguro, armazenagem e desembaraço aduaneiro pode ganhar peso decisivo nos resultados.
Empresas exportadoras precisarão revisar contratos, acompanhar variações cambiais, entender os custos implícitos das tarifas e simular cenários de custo versus preço. O planejamento estratégico, incluindo o uso de tecnologia para mapear custos e riscos, se torna uma vantagem competitiva tangível.
Conclusão
O setor mineral brasileiro demonstra força ao manter volume exportado em crescimento, mesmo diante de queda de receita. As tarifas impostas pelos Estados Unidos funcionam como alerta para que o setor reavalie estratégias, invista em agregação de valor e diversifique mercados.
Em momentos como este, a diferença entre manter competitividade ou sofrer perdas está em antecipar cenários, ter transparência nos custos logísticos e contar com suporte tecnológico que permita tomar decisões estratégicas de forma rápida e informada.