Publicado em: 23 de junho de 2025

Frete CIF: o que é, como funciona, quem paga e quando usar na sua operação

O universo do transporte de cargas é cheio de termos técnicos, modalidades e regras, muitos deles derivados de práticas internacionais. Um conceito bastante comum — e essencial para quem atua em logística, supply chain, comércio exterior e compras — é o frete CIF. Trata-se de uma modalidade de transporte que oferece praticidade e segurança para […]

O universo do transporte de cargas é cheio de termos técnicos, modalidades e regras, muitos deles derivados de práticas internacionais. Um conceito bastante comum — e essencial para quem atua em logística, supply chain, comércio exterior e compras — é o frete CIF. Trata-se de uma modalidade de transporte que oferece praticidade e segurança para o comprador, mas também exige atenção redobrada do lado de quem vende. 

O frete CIF costuma ser bastante utilizado em negociações comerciais, especialmente no e-commerce e nas operações B2C, quando o vendedor assume a responsabilidade pela entrega do produto até o destino final. Embora ofereça vantagens, como comodidade para o cliente e controle sobre a operação, essa modalidade também impõe desafios que precisam ser bem gerenciados. 

Neste artigo, você vai entender em detalhes o que é o frete CIF, como ele funciona, quem paga, quais são suas vantagens e desvantagens, quando utilizá-lo e, ainda, as diferenças entre CIF e FOB — outro termo muito recorrente na logística. 

O que é frete CIF?

O frete CIF é uma modalidade de transporte na qual o vendedor é responsável por todos os custos, seguros e riscos relacionados à entrega da mercadoria até o destino final do comprador. A sigla CIF vem do inglês “Cost, Insurance and Freight”, que significa “Custo, Seguro e Frete”. O nome teve origem nas operações marítimas internacionais, mas se popularizou também no transporte rodoviário, especialmente em entregas que envolvem relações comerciais diretas com o consumidor final.

Na prática, optar pelo frete CIF significa que o remetente — ou seja, quem vende — assume a contratação da transportadora, paga pelo seguro, pelos custos logísticos e responde por qualquer risco até que a mercadoria seja entregue ao destinatário. É importante destacar que, apesar dessa responsabilidade estar formalmente nas mãos do vendedor, na maioria das vezes o custo do frete é incorporado ao valor total do produto, sendo, portanto, repassado de forma indireta ao comprador.

Frete CIF: quem paga?

Embora o responsável contratual pelo frete CIF seja o vendedor, é comum que o custo desse transporte seja embutido no preço final do produto. Na prática, isso significa que o consumidor ou destinatário paga por ele de forma indireta. Ou seja, embora a responsabilidade pela contratação e pela execução da entrega seja do remetente, o custo efetivo do transporte costuma ser diluído no valor total da venda. Esse modelo traz clareza e conveniência para o comprador, que não precisa se preocupar em negociar frete, contratar transportadoras ou lidar com burocracias logísticas. 

Quando usar o frete CIF?

O frete CIF é bastante recomendado quando a operação envolve venda direta ao consumidor final, especialmente no modelo B2C (Business to Consumer). Isso porque o cliente, nesse contexto, geralmente busca soluções que ofereçam simplicidade e segurança, preferindo pagar um valor fechado que inclua o produto e a entrega. Por outro lado, para o vendedor, o frete CIF oferece mais controle sobre a cadeia logística. Isso permite negociar diretamente com as transportadoras, padronizar prazos, acompanhar o status das entregas e garantir um nível de serviço mais alinhado com as expectativas dos clientes. 

Empresas que operam com grande volume de envios também podem se beneficiar dessa modalidade, pois centralizar a gestão dos fretes pode ser mais eficiente do que delegar esse processo a cada cliente individualmente. Entretanto, é fundamental avaliar se o custo-benefício compensa, considerando fatores como os custos logísticos, riscos operacionais e a capacidade interna de gerir esse processo. 

Quais são os benefícios do frete CIF?

O frete CIF oferece benefícios tanto para o comprador quanto para o vendedor. Veja como cada parte é impactada. 

Para o comprador (destinatário)

  • Maior comodidade: o cliente não precisa se preocupar com contratação de frete, logística ou seguro. Ele apenas realiza a compra e aguarda o recebimento no endereço informado. 
  • Redução de riscos: qualquer problema que aconteça durante o transporte — seja perda, avaria ou extravio — é de responsabilidade do vendedor. O cliente tem respaldo legal para exigir a solução.

Para o vendedor (remetente)

  • Maior controle da operação: ao ser responsável pelo transporte, o vendedor pode escolher transportadoras, negociar melhores prazos e custos de frete, além de garantir um padrão de qualidade na entrega. 
  • Possibilidade de ganho logístico: empresas que negociam em maior escala com transportadoras podem obter melhores tarifas, além de organizar embarques de forma mais eficiente.

Quais as desvantagens do frete CIF?

Apesar dos benefícios, confira alguns desafios que precisam ser considerados no frete CIF.

Para o comprador

  • Menor controle sobre a logística: o cliente não tem poder de escolha sobre a transportadora ou sobre as condições de frete, ficando totalmente dependente das decisões do vendedor.
  • Possíveis dificuldades no rastreamento: dependendo da estrutura logística do vendedor, o acompanhamento das entregas pode não ser tão transparente ou eficiente.  

Para o vendedor

  • Maior responsabilidade: todos os riscos operacionais, custos de transporte e eventuais problemas durante a entrega ficam sob responsabilidade do vendedor até o momento em que a mercadoria chega ao cliente. 
  • Complexidade na gestão: além das tarefas core do negócio, é necessário administrar também toda a cadeia logística, gerenciar contratos com transportadoras, acompanhar entregas, lidar com ocorrências e resolver problemas operacionais. 
  • Impacto na margem de lucro: se não houver uma gestão eficiente dos custos logísticos, o frete pode impactar diretamente na lucratividade, principalmente quando se trabalha com frete incluso ou campanhas de frete grátis. 

Qual a diferença entre frete CIF e FOB?

Existem diferenças relevantes entre as modalidades de frete CIF e FOB, e entender essas distinções é fundamental para escolher qual delas faz mais sentido para a sua operação logística. A principal diferença está na responsabilidade pelo transporte, pelos custos e pelos riscos durante o deslocamento da mercadoria. 

No frete CIF, quem assume toda a responsabilidade pela entrega, incluindo custos com transporte, seguro e gestão dos riscos, é o vendedor. Isso significa que o vendedor é quem contrata a transportadora, realiza o pagamento dos custos logísticos e garante que a mercadoria chegue ao destino final em segurança. Esse compromisso permanece até o momento em que o produto é entregue ao comprador. 

Por outro lado, no frete FOB, sigla para Free on Board, a responsabilidade pela mercadoria muda de mãos assim que ela é embarcada ou entregue ao transportador no ponto previamente acordado. A partir desse momento, todos os custos, riscos e obrigações passam a ser do comprador, que precisa gerenciar o transporte, contratar a transportadora, cuidar do seguro e lidar com qualquer problema que possa surgir durante o deslocamento. 

A seguir, explicamos em detalhes os principais pontos que diferenciam essas duas modalidades. 

Responsabilidade

A principal diferença entre frete CIF e FOB está no momento em que ocorre a transferência de responsabilidade pela mercadoria. No frete CIF, o vendedor é o responsável por todo o processo logístico, incluindo a contratação da transportadora, o pagamento do seguro e a gestão de riscos, até que o produto chegue ao comprador. 

Já no frete FOB, essa responsabilidade muda assim que a carga é entregue no ponto combinado, que pode ser o armazém da transportadora, o porto, o aeroporto ou outro local previamente acordado. A partir daí, o comprador assume os custos, o seguro e qualquer risco relacionado ao transporte. 

Tamanho das empresas

O porte da empresa também influencia bastante na escolha entre CIF e FOB. Empresas de maior porte, que possuem uma estrutura logística robusta, normalmente optam pelo frete FOB. Isso porque elas conseguem negociar diretamente com as transportadoras, possuem maior poder de barganha e preferem manter controle total sobre suas operações logísticas. Além disso, essas empresas costumam ter equipes internas capacitadas para gerenciar processos de transporte, seguros e eventuais ocorrências no trajeto. 

Por outro lado, empresas menores, que não possuem uma estrutura tão desenvolvida para lidar com a logística, preferem utilizar o frete CIF. Nessa modalidade, o vendedor mantém a responsabilidade pela contratação da transportadora e pela organização da entrega, oferecendo ao comprador um serviço mais completo e simplificado. 

Tipo da mercadoria

O tipo de mercadoria também tem impacto direto na escolha entre frete CIF e FOB. O frete FOB é muito comum em operações que envolvem produtos de alto valor agregado ou cargas que exigem seguros específicos, como máquinas industriais, equipamentos eletrônicos, peças automotivas e mercadorias sensíveis. Nestes casos, os compradores preferem ter controle total sobre o transporte, escolhendo parceiros logísticos de confiança, apólices de seguro adequadas e rotas que considerem mais seguras e eficientes. 

Já o frete CIF costuma ser utilizado em situações de menor complexidade logística, como no comércio eletrônico e na venda de produtos de menor valor unitário. É a modalidade mais escolhida quando o objetivo é oferecer ao cliente uma experiência de compra mais fluida, em que ele não precisa se preocupar com as etapas do transporte, pois tudo já está embutido no preço do produto ou no valor do frete informado no momento da compra. 

Aspectos legais e contratuais do frete CIF

Ao optar pela modalidade de frete CIF, é fundamental que todos os termos relacionados à responsabilidade, aos custos e aos riscos estejam claramente definidos em contrato. Isso vale tanto para operações nacionais quanto internacionais, especialmente em mercados que exigem altos níveis de governança e compliance, como os setores farmacêutico, químico, automotivo, agro e industrial. O contrato deve especificar pontos como qual é o ponto de entrega considerado para a conclusão da responsabilidade do vendedor, quais são as coberturas de seguro incluídas no transporte, quais riscos estão contemplados e como serão tratadas eventuais ocorrências, como avarias, perdas, extravios ou atrasos. 

Além disso, é recomendável que o contrato detalhe os prazos acordados, as condições de transporte, os modais de transporte mais utilizados e as penalidades, em caso de descumprimento. Esse cuidado evita conflitos futuros, protege juridicamente ambas as partes e traz mais segurança para toda a cadeia logística. Outro ponto relevante no âmbito legal é garantir que a documentação fiscal e os conhecimentos de transporte estejam corretamente emitidos, alinhados com a operação CIF, refletindo a responsabilidade do vendedor sobre todo o trajeto da mercadoria até o destino final. 

Impactos do frete CIF na precificação e na competitividade comercial

A escolha pelo frete CIF tem impacto direto na formação do preço dos produtos e na percepção de valor pelo mercado. Incorporar os custos logísticos no valor do item vendido exige uma análise criteriosa da estratégia comercial, considerando não só os custos diretos do transporte, mas também os riscos e as margens de lucro desejadas. Se bem planejado, oferecer frete CIF pode ser um diferencial competitivo. Para o cliente, receber o produto com frete incluso representa comodidade, menos etapas no processo de compra e uma percepção de serviço premium. Muitas empresas, especialmente no e-commerce e no B2C, usam isso como uma estratégia de encantamento e fidelização. 

Por outro lado, se os custos logísticos forem elevados e mal distribuídos na precificação, o valor final do produto pode se tornar pouco competitivo, principalmente em mercados sensíveis a preço. É por isso que negociar boas condições com transportadoras, utilizar tecnologia para gestão de fretes e otimizar rotas são fatores essenciais para que o modelo CIF seja financeiramente viável. Além disso, empresas que operam em grandes volumes conseguem diluir melhor esses custos, tornando a estratégia de frete incluso mais atrativa e sustentável. Já para operações menores ou menos frequentes, é preciso fazer simulações constantes para entender se essa modalidade impacta positiva ou negativamente a margem e a competitividade no mercado. 

Como vimos, o frete CIF é uma modalidade amplamente utilizada no mercado, especialmente em operações que priorizam a experiência do cliente e a simplicidade no processo de entrega. Ao assumir a responsabilidade pelo transporte, o vendedor oferece mais comodidade ao comprador, além de ter maior controle sobre a qualidade e a gestão logística. Por outro lado, essa modalidade também traz desafios que exigem atenção, como a correta precificação dos custos logísticos, a gestão eficiente de contratos com transportadoras, o acompanhamento de entregas e a administração dos riscos envolvidos no trajeto. 

Além disso, é fundamental garantir que todos os aspectos legais estejam bem documentados, protegendo tanto quem vende quanto quem compra, e garantindo segurança jurídica para a operação. Adotar o frete CIF pode ser uma excelente estratégia comercial e operacional, desde que seja sustentada por uma gestão logística eficiente, processos bem estruturados e o apoio de tecnologia que facilite a tomada de decisão, o controle dos custos e o acompanhamento em tempo real das operações.

Se a sua empresa busca mais eficiência, governança, controle e economia na gestão de fretes, seja nacional ou internacional, a Cargo Sapiens oferece a tecnologia ideal para transformar sua logística.

David Pinheiro

Especialista em Supply Chain com mais de uma década de experiência no mercado de logística. Atuando como CEO e fundador da Cargo Sapiens, ele lidera iniciativas inovadoras para transformar o setor, combinando conhecimento técnico com uma abordagem estratégica e centrada em resultados.

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