O Brasil deu mais um passo estratégico em direção à diversificação de seus parceiros internacionais ao reforçar os laços diplomáticos e comerciais com a Nigéria — maior economia da África. A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país africano em julho de 2025 resultou em importantes acordos bilaterais que abrangem setores como comércio exterior, defesa, agricultura, energia e cultura.
A iniciativa marca o início de uma nova fase na política externa brasileira, especialmente no que diz respeito à ampliação da presença no continente africano. Além de consolidar a Nigéria como um parceiro prioritário, os acordos também são um reflexo da estratégia brasileira de fortalecer relações Sul-Sul com economias emergentes.
Destaques dos acordos firmados
Durante a reunião com o presidente nigeriano Bola Tinubu, foram assinados diversos instrumentos de cooperação técnica e econômica. Entre os principais pontos, destacam-se:
- facilitação do comércio bilateral, com foco em produtos industrializados e commodities agrícolas;
- acordos na área de defesa, que envolvem cooperação tecnológica e treinamento de tropas;
- parcerias no setor energético, com interesse mútuo no intercâmbio de conhecimento em energias renováveis e petróleo;
- programas de desenvolvimento agrícola, com ênfase em segurança alimentar e capacitação técnica;
- colaboração cultural e educacional, incentivando intercâmbios entre universidades, projetos artísticos e ações de valorização das heranças afro-brasileiras.
Com uma pauta tão abrangente, o Brasil demonstra disposição não apenas para ampliar seu fluxo comercial com a Nigéria, mas também para construir uma aliança estratégica de longo prazo, baseada em valores compartilhados e interesses econômicos complementares.
Oportunidades para exportadores brasileiros
A Nigéria, que tem uma população superior a 220 milhões de pessoas e um mercado interno em expansão, é uma das principais portas de entrada para negócios no oeste africano. Para exportadores brasileiros, o novo momento abre possibilidades concretas para:
- aumentar a presença de produtos agrícolas processados, como carne, café, açúcar e soja;
- expandir as exportações de bens de capital, máquinas e equipamentos industriais;
- estabelecer operações logísticas e de distribuição com maior segurança jurídica e diplomática;
- criar joint ventures com empresas nigerianas nos setores de alimentos, energia e transporte.
Além disso, o acordo promete facilitar a mobilidade empresarial e o acesso a linhas de crédito voltadas à internacionalização de empresas brasileiras.
África no radar do comércio exterior brasileiro
A nova agenda com a Nigéria também se insere em um contexto mais amplo: a tentativa do Brasil de reposicionar sua política externa para além dos grandes mercados tradicionais. Com o arrefecimento das relações comerciais com alguns países da Europa e um cenário global mais protecionista, a África ganha força como uma fronteira estratégica de crescimento.
Vale lembrar que, nos últimos anos, países africanos vêm acelerando sua integração econômica por meio do AfCFTA (Área de Livre Comércio Continental Africana), que reúne 54 nações e mais de 1,3 bilhão de consumidores. Estar presente nesse contexto pode gerar vantagens competitivas significativas para empresas brasileiras que atuam no comércio internacional.
Um passo em direção ao futuro
Mais do que uma agenda de curto prazo, os novos acordos com a Nigéria representam uma mudança de postura e visão geopolítica. O Brasil está se posicionando como um parceiro confiável, cooperativo e aberto ao diálogo com países que compartilham desafios semelhantes, como o desenvolvimento sustentável, a inclusão social e a autonomia tecnológica.
Com as medidas firmadas, espera-se que o comércio bilateral, atualmente modesto diante do potencial, seja fortalecido com mais investimentos, inovação logística e acesso a novos canais comerciais.
